ENQUANTO O MÊS DE JULHO PASSAVA E O ENTITULADO REI ROBERTO CARLOS FAZIA SEU SHOW MONUMENTAL E GLOBAL NO MARACANÂ, NO MESMO DIA O FUNK CARIOCA FAZIA ANIVERSÁRIO, ESTE BLOG PREFERE DAR CRÉDITOS AO MORRO QUE A ARTISTA GLOBAL, ENTÃO COM UM POUCO DE ATRASO, AQUI ESTÁ.
O funk carioca apesar do nome, é diferente do Funk originário dos Estados Unidos. Não se sabe ao certo o motivo disso ter ocorrido, mas originalmente o funk carioca tem uma influência direta do Miami Bass e do Freestyle.
História
Anos 1980
A partir da década de 80, os bailes funks no Rio começaram a ser influenciados por um novo ritmo da Flórida, o Miami Bass, que trazia músicas mais erotizadas e batidas mais rápidas. A maior parte das rádios dedicavam grande espaço em sua grade horária para os sucessos feitos no ritmo funk, um dos mais famosos é a regravação de uma música de Raul Seixas: o "Rock das Aranhas" que vira hit e se junta a ele outras músicas feitas com muito humor e sem muito apelo político como adaptações de músicas de miami bass e freestyle e gravações de cantores latinos como Stevie B, Corell DJ, entre outros MCs. Dentre os raps (ou melôs, como também eram chamados) que marcaram o período mais politizado no funk é o "Feira de Acari" que abordava o tema da famosa Robauto, feira de peças de carro roubadas pelas cidade.
Ao longo da nacionalização do funk, os bailes - até então, realizados nos clubes dos bairros das periferias da capital e região metropolitana - expandiram-se céu aberto, nas ruas, onde as equipes rivais se enfrentavam disputando quem tinha a aparelhagem mais potente, o grupo mais fiel e o melhor DJ. Neste meio surge DJ Marlboro, um dos vários protagonistas do movimento funk.
Com o tempo, o funk ganhou grande apelo entre os favelados - as músicas tratavam o cotidiano dos freqüentadores: abordavam a violência e a pobreza das favelas.
Anos 1990
Com o aumento do número de raps/melôs gravadas em português, apesar de quase sempre utilizar a batida do Miami Bass, o funk carioca começa a década de 90 já começando a ter sua identidade própria. As letras refletem o dia-a-dia das comunidades, ou fazem exaltação a elas (muitos desses raps surgiram de concursos de rap promovidos dentro das comunidades). Em consequência, o ritmo fica cada vez mais popular e os bailes se multiplicam. Ao mesmo tempo o funk começou a ser alvo de ataques e preconceito. Não só por ter se popularizado entre as camadas mais carentes da sociedade, mas também porque vários destes bailes funk eram os chamados bailes de corredor, onde as galeras de diversas comunidades se dividiam em dois grupos, os lados A e B, e com alguma frequência terminavam em brigas entre si (resultando em alguns casos em vítimas fatais) que, acabavam repercutindo negativamente para o movimento funk.
Com isso havia uma constante ameaça de proibição dos bailes, o que acabou por causar uma "conscientização" maior, através de raps que frequentemente pediam paz entre as galeras. Em meio a isso surgiu uma nova vertente do funk carioca, o funk melody, com músicas mais melódicas e com temas mais românticos, seguindo mais fielmente a linha musical do freestyle americano, alcançando sucesso nacional, destacando-se nesta primeira fase Latino, Copacabana Beat, MC Marcinho, entre outros. Cabe notar que os DJs, nesse período, costumavam tocar de costas para o público nos bailes.[2]
A partir de 1995 aconteceu a grande fase do funk carioca. Os raps, que até então eram executados apenas em algumas rádios, passaram a ser tocados inclusive em algumas emissoras AM. O que parecia ser um modismo "desceu os morros", chegando às áreas nobres do Rio. O programa da Furacão 2000 na CNT fazia grande sucesso, trazendo os destaques do funk, deixando de ser exibido apenas no Rio de Janeiro, ganhando uma edição nacional. Artistas como Claudinho e Buchecha, Cidinho e Doca, entre outros, tornaram-se referência nessa fase áurea, além de equipes de som como Pipo's, Cashbox, e outras. A Rádio Imprensa teve papel importante nesse processo, ao abrir espaço para os programas destas e de várias outras equipes.
Paralelo a isso, outra corrente do funk ganhava espaço junto às populações carentes: o proibidão. Normalmente com temas vinculados ao tráfico, os raps eram às vezes exaltações a grupos criminosos locais, às vezes provocações a grupos rivais, os alemães (gíria também usada para denominar as galeras inimigas). Normalmente as músicas eram cantadas apenas em bailes realizados dentro das comunidades e divulgados em algumas rádios comunitárias.
Ao final da década, além de todas as variantes acima, surgiram músicas com conotação erótica. Essa temática, caracterizada por músicas de letras sensuais, por vezes vulgares, que começou no final da década, ganhou força e teria seu principal momento ao longo dos anos 2000.
Anos 2000
Saindo das favelas em direção à cidade, o funk conseguiu mascarar seu ritmo, mostrando-se mais parecido com um rap americano e integrou-se um pouco mais as classes cariocas. Seu ritmo hipnótico e sua batida repetitiva também contribuíram para que mais pessoas se tornassem adeptas desse lixo musical, fazendo com que o estilo musical chegasse a movimentar cerca de R$ 10 milhões por mês no Estado do Rio, entre os anos de 2007 e 2008.[1] Algumas letras eróticas e de duplo sentido normalmente desvalorizando o gênero feminino também revelam uma não originalidade em copiar de outros estilos musicais populares no Brasil.
O funk ganhou espaço fora do Rio e ganhou conhecimento internacional quando foi eleito umas das grandes sensações do verão europa de 2005 e ser base para um sucesso da cantora inglesa MIA, "Bucky Done Gun". Um dos destaques desta fase, e que foi objeto até de um documentário europeu sobre o tema é a cantora Tati Quebra-Barraco que se tornou uma figura emblemática das mulheres que demonstram resistência à dominação masculina em suas letras, geralmente de nível duvidoso, pondo a mulher no controle das situações e as alienando. A respeito desse sucesso, Em julho de 2007 em Angola surge o primeiro grupo de funk angolano "Os Besta-Fera" seu vocalista principal Mc Lucas passou no Rio de Janeiro onde foi influenciado a cantar funk, agora ouvido em Angola. Hermano Vianna, autor do pioneiro estudo "O Mundo Funk Carioca" (1988) ISBN 8571100365, afirmou:
Todo esse mercado foi criado nas duas últimas décadas, sem ajuda da indústria cultural estabelecida. (...) Não conheço outro exemplo tão claro de virada mercadológica na cultura pop contemporânea. O funk agora tem números claros, que mostram uma atividade econômica importante, que pode assim ser levado a sério pelo poder público.[2]
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Contudo, o estilo ainda continua sendo alvo de muita resistência e preconceito,[3] sendo bastante criticado por grandes intelectuais e grande parte da população, por muitas vezes apresentar uma linguagem obscena e vulgar. Grande parte do criticismo vem também da associação do ritmo ao tráfico, e ao hábito de seus adeptos executarem as músicas em potentes caixas de som, muitas vezes até altas horas da madrugada. Além disso, geralmente as músicas mostram a mulher como simples objeto de prazer e apelam para uma sexualidade explícita - ainda que completamente superficial.
As Mulheres Fruta
Ver artigo principal: Mulheres Fruta
Ao final da primeira década do século XXI, uma série de mulheres que recebem apelidos com nomes de frutas, chamadas de Mulheres Fruta, devido a suas "medidas avantajadas", começam a ganhar destaque no cenário do funk brasileiro. Na verdade, esta onda, que surgiu com a dançarina Andressa Soares, a Mulher Melancia, remonta à tendência que começou no início da década, com a exaltação a mulheres que se apresentavam com trajes representando algum tipo de fetiche masculino, como por exemplo a Proibida do Funk, Acorrentada do Funk, entre outras. As mulheres frutas apresentam-se sempre em poses e coreografias que simulam um ato sexual ou posições sexuais.
O sucesso logo se espalhou para outras mídias, sendo citadas desde a página da Academia Brasileira de Letras, músicas, participações no Carnaval no Rio de Janeiro, até a chamada mídia erótica, com inúmeras capas de revistas publicadas num curto período. Tal sucesso remete à referida "paixão nacional", o bumbum, que desde as duas polegadas a mais que tiraram o título de Miss Universo 1954 de Martha Rocha aos 119 cm da Mulher Melancia, teriam cativado o público brasileiro.
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