sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Chico Fala Tudo com Exclusividade.

1- Chico, o que houve para a Vanguarda não ter participado da campanha petista para o Governo do Estado em 2010?







Chico Cavalcante - Eu não sei. Como o Ganso disse sobre a seleção de Dunga, eu não joguei porque não fui convocado. Estava aqui e não fui convidado para fazer a campanha de Ana Júlia ou Paulo Rocha. Sei que houve apelos de quadros do partido para que eu integrasse o staff das campanhas, mas fui vetado por Edson Barbosa, o baiano dono da Link e dono da campanha. A Link foi a empresa contratada por milhões de reais para fazer a pré-campanha e a campanha de reeleição aqui. Na verdade não entendo as motivações que levaram o PT e a governadora do Pará a contratarem para fazer a campanha aqui em 2010 a mesma empresa que havia sido demitida pelo PT nacional em 2006. Quando assumi o marketing do PT nacional, em 2007, o fiz em substituição à Link, que havia feito um trabalho sofrível e tinha sido afastada por Ricardo Berzoini, presidente da legenda então. De repente essas mesmas figuras aparecem aqui e tomam conta da comunicação do governo e, depois, da campanha. Não ouviam ninguém, davam ordem, batiam na mesa, davam piti. Não podiam ser contrariados. Eram os donos da campanha. Mas os fatos mostraram que eram incompetentes. A gritaria era jogo de cena. Fogos de artifício. O desempenho deles foi abaixo da crítica. Eu vi os erros sendo cometidos um após outro e avisei a todos, inclusive à governadora; mas nada foi feito para mudar o rumo das coisas. Estavam todos anestesiados. Ao mesmo tempo, a comunicação de Jatene foi exemplar. Orly e sua equipe acertavam tudo enquanto a Link não acertava nada. Deu no que deu.






2- O que voces acharam da Coordenação de Campanha petista ter escolhido a baiana Link, para fazer o Marketing e não voces?






Chico Cavalcante - Eles fizeram a pior escolha. O resultado fala por si. Foi um desastre. A Link está para o PT do Pará como o Titanic está para a engenharia naval: é um exemplo do que não se deve fazer. Ana foi a única governadora do PT a não conseguir a reeleição e esse resultado se deve, de um lado, à competência da comunicação do PSDB e à incompetência da comunicação obrada pela Link. A legião estrangeira fez em poucos meses o que a direita não conseguiu fazer em décadas: desmantelou o PT e enfraqueceu seu poder de persuasão e mobilização. A campanha era imobilizadora, sem alma, sem argumento, recuada, covarde. Eles pariram um PT azul. Começou errada, com um conceito errado, com as cores erradas, com um tratamento de imagem do governo e da governadora errados e consolidou a rejeição em patamares muito altos. O resultado óbvio desse acúmulo de erros era a derrota; as duas principais lideranças públicas do PT, Ana Júlia e Paulo Rocha, ficaram sem mandato graças ao trabalho precário dessa malta de ignorantes. Esse foi o preço, caro, dessa aventura. Fica a lição: o Pará é o Vietnã das agências de fora. Não foi a primeira vez que isso aconteceu nem será a última. Enquanto houver gente daqui desacreditando no talento das pessoas daqui e apostando em soluções mágicas, a desgraça estará à espreita.






3- Como foi ter vencido as eleições em Amapá, elegendo Camilo Capiberibe Governador e como se deu o convite para voces assumirem essa Campanha?






Chico Cavalcante  - Em abril de 2010 fui procurado por um emissário de Camilo Capiberibe que veio sondar se eu tinha interesse em fazer a campanha. Eles conheciam meu currículo e tinham interesse mas não sabiam se eu teria disponibilidade. Li as pesquisas, nada favoráveis, e viajei para lá algumas vezes, conversando e apresentando propostas até fecharmos não apenas valores, mas também o formato de nossa participação. Eu sempre fui contra cair de paraquedas em outros mercados e impor uma estrutura, tomar conta de tudo. Essa forma intervencionista é burra e incompetente. Sempre entro em campanhas em outros estados apenas com um núcleo de inteligência de campanha e foi assim também no Amapá. Chegamos a ter no máximo cinco pessoas numa equipe de 30 profissionais. Estiveram comigo lá, dentre outros, o professor Fábio Castro, ex-secretário de comunicação do Pará e o cientista político Sérgio Santos, peças fundamentais para o resultado final que conseguimos obter. Provemos linha estratégica, roteiros de programas e inserções, fizemos análise de pesquisa e media training. Foi uma campanha heróica, que trabalho com grande dificuldade material. Mas Camilo, que nasceu no exílio e teve que se educar no exterior como proscrito político, é um daqueles candidatos com os quais nos orgulhamos de ter trabalhado. Comprometido com o bem-estar das pessoas, ético e pleno de disposição para o trabalho, será um ótimo governador.



Nenhum comentário:

Postar um comentário